sábado, 30 de novembro de 2013

TEM POLÍTICO INVESTIGADO? CARDOZO QUER SABER

Reunindo secretários
Vazamento garantido aos superiores
A independência das investigações da Polícia Federal está comprometida desde o início do governo Dilma.
Por decisão de José Eduardo Cardozo e Leandro Daiello, diretor-geral da PF, um novo procedimento passou a ser exigido dos delegados: eles são obrigados a informar aos superiores se a sua operação policial envolve pessoas “politicamente expostas”. Sob Lula, não era assim.
Numa palavra, Cardozo e Daiello querem sempre saber se há políticos na mira da PF. A pergunta foi inserida num questionário do Centro Integrado de Inteligência Policial e Análise Estratégica, que monitora as ações nos estados. Nele, são informados dados básicos da operação, para que seja dado apoio logístico – o que é adequado.
Mas a partir da pergunta sobre os “politicamente expostos”, tornou-se usual o delegado que responde “sim” ser chamado para explicar melhor do que se trata a investigação – e quem é o alvo.
Por Lauro Jardim

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

RECLAMAR COM O GERENTE?

ZE Dirceu Gerente hotel reclamacao roubo

JOSÉ EDUARDO CARDOZO, MORALISTA DE OCASIÃO



jose_eduardo_29Pau mandado – Qualquer denúncia de corrupção, se procedente, deve ser investigada sob o manto da legalidade, sem que qualquer autoridade ou partido político se beneficie do processo investigatório ou dos seus resultados. O cenário político nacional do momento está marcado pela disputa que surgiu a partir dos imbróglios envolvendo a Siemens e a Alstom, acusadas de integrar cartel para fornecimento de material metroferroviário ao governo de São Paulo.
Abusando da ironia, o ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo tem atuado como humorista ao tratar do assunto. Cardozo é acusado pelo PSDB de desrespeitar a legislação vigente ao não entregar ao Ministério Público Federal os documentos relativos a suposta denúncia de pagamento de propina a integrantes do governo paulista, em sua maioria do PSDB. A tradução do documento é tão pífia e matreira que qualquer inocente seria capaz de identificar a fraude, que trouxe palavras inexistentes no documento original e, além disso, continha nomes de políticos adversários do PT, que não constavam do mesmo.
José Eduardo Cardozo entregou o caso à Polícia Federal, depois de receber documentos do “companheiro” Simão Pedro, deputado estadual licenciado e secretário do prefeito Fernando Haddad, de São Paulo. Pedro foi chefe de Vinícius Carvalho, atual presidente do Cade, que iniciou a investigação do suposto cartel formado em São Paulo.
Gazeteiro conhecido e sempre se valendo da oratória, Cardozo cometeu um erro gravíssimo, que em qualquer país democrático e com governantes minimamente responsáveis já teria culminado com sua demissão. O ministro agora tenta inverter o jogo sórdido que seu partido iniciou e tem afirmado que o PSD e o PPS o querem transformar em réu. José Eduardo pode dizer o que bem quiser, mas nem sempre suas declarações devem ser levadas a sério. Quem acompanhou o trabalho de Cardozo na CPI dos Correios, em 2005, sabe a forma como o ministro interpreta documentos de acordo com a necessidade do seu partido.
Nesta quinta-feira (28), durante evento do Prêmio Innovare, na sede do STF, Cardozo disse que o Ministério da Justiça não se deixará intimidar diante das acusações feitas pela cúpula do PSDB. O ministro classificou de “lamentável” o ataque tucano, mas é preciso lembrar que o petista mudou de postura depois que a tropa de choque do Palácio do Planalto impediu a no Congresso a sua convocação para prestar esclarecimentos.
“Acho lamentável que queiram transformar quem cumpre a lei em réu apenas pelo fato de que existe uma investigação. A maior parte dos países em que houve esse escândalo já investigou, já puniu pessoas envolvidas. O Brasil ainda caminha lentamente. Pedi à Polícia Federal que apurasse, recebi uma denuncia e pedi que avaliasse, nada mais do que isso. Há pessoas que parece que não querem investigar, que querem descontar as coisas”, disse Cardozo, como se o PT não fosse o partido responsável pelo período mais corrupto da história brasileira. Querer posar de incente a essa altura dos acontecimentos é no mínimo excesso de ousadia.
Como mencionamos acima, qualquer denúncia de corrupção deve ser investigada, o que deve valer em qualquer situação, não importando a bandeira política dos acusados. Se há de fato provas de que existiu pagamento de propina em São Paulo, que o caso seja apurado e os responsáveis sejam punidos, sem privilégios de qualquer natureza.
Considerando que José Eduardo Cardozo vive um momento moralista e de retidão impar, que a mesma Polícia Federal abra investigação para apurar o relacionamento nada ortodoxo da Siemens e da Alstom com a Usina Hidrelétrica de Itaipu, o que não acontece porque o castelo de areia do PT desmoronaria em questão de dias. A PF deve investigar também o superfaturamento do Metrô de Salvador, assunto que tem sido abafado porque o governo da Bahia está sob a batuta do “companheiro” Jaques Wagner. Apenas para lembrar, a empresa responsável pelo Metrô de Salvador é a mesma Siemens que o ministro petista da Justiça acusa no caso de São Paulo.
José Eduardo Cardozo não pode balbuciar moralismos de encomenda apenas para ajudar o mais novo poste inventado por Lula, o ministro Alexandre Padilha (Saúde), pois debaixo do tapete tem poeira de sobra para ser varrido e criar uma nuvem considerável. Basta que alguém decida contar o que sabe. O que o PT busca com essa estratégia pouco inteligente é tentar desviar o foco do escândalo em que se transformou a prisão dos mensaleiros José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares, que querem ser tratados como celebridades em um SPA à beira do Mar Egeu.
Fonte Ucho.Info

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

DOIS JOSÉS E UM AMARILDO



Em seu gesto e na sua reivindicação, José Genoino e José Dirceu demonstraram não compreender o Brasil dos protestos: desde que as manifestações tomaram as ruas, presos políticos são os comuns


Havia algo de melancólico no braço erguido dos dois Josés, Genoino e Dirceu, ao serem presos por corrupção. E na afirmação: “Sou preso político”. O punho cerrado é o gesto de resistência de uma geração que lutou contra a ditadura, pegou em armas, foi presa, torturada e assumiu o poder na redemocratização do país. É também o gesto que não mais encontra destinatário para além de seus pares e de parte da militância do PT. É, principalmente, o gesto que não ecoa na juventude que se tornou protagonista dos protestos que mudaram o país. No Brasil que reconheceu Amarildo, o pedreiro, como mártir da democracia, a evocação vinda de José Genoino e de José Dirceu para ocupar esse lugar não encontra ressonância. Desde as manifestações de junho, os presos políticos são os comuns. Para um partido tão hábil em esgrimir simbologias, não compreender o Brasil forjado no ano que não terminou é uma tragédia talvez maior do que a prisão por corrupção de duas de suas estrelas históricas.

Mártir político é Amarildo de Souza. Favelado, negro, analfabeto, 43 anos, o ajudante de pedreiro conhecido como “boi” pela sua capacidade de carregar sacas de cimento desapareceu em 14 de julho ao ser levado a uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Rocinha, no Rio de Janeiro. Amarildo, o homem comum vítima da política de criminalizar, torturar e executar os pobres. Uma política que atravessa a história do Brasil, persiste na redemocratização e se manteve nos governos de Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma. Não era o primeiro a desaparecer depois de entrar num posto policial, não foi o último. Mas, pela primeira vez, um homem comum, carregando em si todas as marcas da abissal desigualdade do Brasil, foi reconhecido como um desaparecido político da democracia, lugar destinado a ele pela convulsão das ruas. Esta pode ter sido a maior transformação colocada em curso pelos protestos.
Pela primeira vez, um homem comum, carregando em si todas as marcas da abissal desigualdade do Brasil, foi reconhecido como um desaparecido político da democracia
Preso político é Rafael Braga Vieira, 26 anos, catador de latas, morador de rua, negro. Ele foi preso em 20 de junho, durante uma manifestação na Avenida Presidente Vargas, no Rio. Já tinha sido preso por roubo em duas outras ocasiões e cumprido as penas completas. Desta vez, está encarcerado, sem julgamento, há cinco meses no presídio de Japeri. Seu crime: carregar uma garrafa de Pinho Sol e outra de água sanitária. E uma vassoura, mas esta não foi considerada suspeita. Seu caso foi relatado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) e ao Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.
Desaparecido político é Antônio Pereira, 32 anos, auxiliar de serviços gerais, negro. Sumiu em 26 de maio, em Planaltina, no Distrito Federal. Há suspeita do envolvimento de policiais militares no seu desaparecimento. Manifestantes marcharam até o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios para protestar pelo seu sumiço. A Comissão de Direitos Humanos do Senado passou a investigar o caso.
Morto político é Douglas Rodrigues, 17 anos, estudante do terceiro ano do ensino médio e atendente de lanchonete. Levou um tiro no peito de um policial numa tarde de domingo, 27 de outubro, quando estava diante de um bar com o irmão de 13 anos, na Vila Medeiros, em São Paulo. Só teve tempo de dizer uma frase, que se transformou num símbolo contra o genocídio de gerações de jovens negros e pobres das periferias do Brasil. Douglas fez sua última pergunta, um conjunto de vogais e consoantes onde cabia uma vida inteira, antes de cair morto: “Por que o senhor atirou em mim?”. Em protesto pela sua morte a população incendiou ônibus, carros e caminhões e depredou agências bancárias.
Estes – e muitos outros – tornaram-se os presos políticos, os desaparecidos políticos e os mortos políticos da democracia desde que os brasileiros redescobriram as ruas e deslocaram a política para fora dos partidos e das instituições. Por isso o braço erguido, o punho cerrado, dos dois Josés, Genoino e Dirceu, é tão melancólico. É o gesto que não se completa ao não encontrar o presente. Lula, o PT e a cúpula do governo concentram sua preocupação e seus esforços para reduzir o impacto das prisões de figuras históricas na eleição de 2014, na qual Dilma Rousseff é a favorita para um segundo mandato. Talvez devessem se dedicar mais a escutar as novas simbologias forjadas nos protestos.
A frase “por que o senhor atirou em mim? se transformou num símbolo contra o genocídio de gerações de jovens negros e pobres das periferias
Foi justamente Lula, com a enorme força simbólica de ser o primeiro homem comum a chegar ao poder no Brasil, que em 2009 compactuou com a desigualdade histórica e a política arcaica, em uma frase: “Sarney tem história no Brasil suficiente para que não seja tratado como se fosse uma pessoa comum”. Ao pronunciá-la, protegeu o político oligarca que há décadas colabora para promover a miséria de milhões de homens, mulheres e crianças comuns no Maranhão, um dos estados mais pobres do país, e mostrou, como na frase famosa do clássico de George Orwell, hoje um clichê, que, quando convém, compartilha da ideia de que existem aqueles que são mais iguais que outros, tão iguais que merecem tratamento diferenciado.
A reivindicação de “preso político” por Genoino e Dirceu aponta para um cálculo que visa à biografia pessoal de cada um e à do próprio PT, assim como à disputa na construção da memória do país e do imaginário imediato. É também um apartar-se, na linguagem, do preso comum, uma impossibilidade de igualar-se a todos os outros detentos, que também declaram-se, em sua maioria, “inocentes”. Nos dias que antecederam à prisão, José Dirceu, aquele que anunciaria ser um “preso político da democracia por pressão das elites”, descansava num resort de luxo na Bahia que só as elites têm dinheiro para frequentar. Na primeira semana de prisão, foi citado, como exemplo de maus tratos, que Genoino estava tomando “água da torneira”. Isso num país em que “água da torneira”, mesmo depois de dois mandatos de FHC, dois de Lula e três anos do governo de Dilma Roussef, é sonho distante para muitos, uma realidade que o sertanejo Genoino conhece bem. Familiares de presos – estes comuns –, condenados sem crime e sem pena a noites de espera e humilhações para conseguir visitar pais, maridos e filhos na prisão da Papuda, em Brasília, revoltarem-se com o que definiram como “privilégio” daqueles que reivindicam o status de “presos políticos”.
Na prisão, a estrela do PT, que simbolizou – e ainda simboliza para muitos – tanta esperança de igualdade, foi reduzida ao sentido original do jargão publicitário: os presos do “mensalão” ganharam na prática e no imaginário da população o status de gente diferenciada. Esta é uma perda importante para o patrimônio simbólico construído pelo partido a qual seus líderes parecem estar dando pouco valor. O espetáculo promovido pelo ministro Joaquim Barbosa, ao levar os presos algemados para Brasília no feriado da Proclamação da República, foi um excesso em um momento histórico que exigia serenidade e contenção. Deixar presos de regime semiaberto em regime fechado foi um abuso, a que milhares são submetidos por falta de vagas no cotidiano do sistema prisional. A saúde e a vida de José Genoino devem ser protegidas. Não por conta de sua história, mas porque é dever do Estado proteger todos os presos sob sua tutela.
A reivindicação de “preso político” por Genoino e Dirceu aponta para um cálculo que visa à biografia pessoal de cada um e à do próprio PT
Defender a proteção da vida em nome da “dignidade da biografia” é uma distorção. Só colabora para justificar atrocidades cometidas fora e dentro do sistema prisional contra aqueles cuja história é reduzida ao termo encobridor de “bandido”. Os mesmos que, com frequência escandalosa, são executados sem julgamento num país que não tem pena de morte. Crimes cometidos, por exemplo, por polícias como a Rota, a brutal tropa de elite da PM paulista, há quase duas décadas sob o comando dos sucessivos governos do PSDB. Mas é preciso lembrar que também faz parte da biografia de Genoino tê-la defendido em 2002, ao se candidatar ao governo de São Paulo, numafrase que obedecia ao pragmatismo eleitoreiro: “Uma política de direitos humanos não deve impedir a Rota de agir com energia e com força”.
O fato é que Genoino só teve seu direito assegurado por ser um preso privilegiado. Mas a distorção não é a de ele ter recebido assistência, mas a de que todos os outros presos continuem sem ela, a de que é preciso ser um preso “diferenciado” para ter seus direitos básicos garantidos pelo Estado. As vozes que se ergueram para denunciar os maus tratos a que ele era submetido jamais foram tão fortes para defender os presos comuns que adoecem de tuberculose e Aids no cárcere e morrem sem tratamento. É um passo atrás no processo civilizatório quando as pessoas gozam com o sofrimento de Genoino, como ficou explícito nos comentários das redes sociais, alguns torcendo até mesmo pela sua morte, como se não fosse de um ser humano que se tratasse. Mas é preciso escutar também os “bárbaros” para compreender que os mais pobres, sem nenhum problema com a lei, com frequência criminosa não encontram tratamento digno – ou mesmo tratamento algum – no Sistema Único de Saúde (SUS). E que cada vez mais é claro para todos que o dinheiro que se esvai na corrupção é também o que falta na saúde.
Defender a proteção da vida em nome da “dignidade da biografia” é uma distorção
Do partido que diz falar em nome do homem comum esperava-se a grandeza de declarar que mártires são todos os outros. E que direitos de todos não podem ser privilégios de um. Ao demonstrar preocupação por Genoino, Dilma Rousseff demonstrou também omissão por todos os outros presos que vivem uma rotina de ilegalidades e desrespeitos aos direitos humanos mais básicos nas prisões do país que o PT governa há mais de uma década e que tem a quarta maior população carcerária do mundo. Sem esquecer que é dos estados o encargo de construir e administrar os presídios, assim como proteger os presos, obrigação em que todos, de diferentes partidos, falham. A responsabilidade ao perpetuar o que o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Cezar Peluso chamou de “masmorras medievais” é compartilhada. São mais de meio milhão de presos encarcerados em situação tão brutal que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, chegou a dizer que preferiria morrer a cumprir pena.
Assumir-se como preso comum teria sido um gesto simbólico mais forte para quem estreou na vida pública como preso político de uma ditadura, daquela vez sim sem julgamento. Aqueles forjados na luta armada contra um regime de exceção, ao assumirem o poder, lutaram menos do que deveriam pelos presos comuns que continuaram e continuam sendo torturados e mortos nas delegacias, cadeias e prisões do país. Ainda hoje a tortura dos presos políticos na ditadura, a maioria deles de classe média, recebe muito mais atenção do que a tortura sistemática dos presos comuns que perdura na democracia. Sem esquecer que a maioria dos presos torturados e confinados no sistema carcerário brasileiro é composta por negros e pobres.
É um passo atrás no processo civilizatório quando as pessoas gozam com o sofrimento de Genoino, como ficou explícito nas redes sociais
É também de classe social que se trata. Não é um acaso que Manoel Fiel Filho, o operário assassinado pela ditadura, tenha muito menos ressonância na democracia do que Vladimir Herzog, o jornalista assassinado pela ditadura, embora a morte de ambos tenha impulsionado o movimento da sociedade pelo fim do regime militar. Quando Dirceu e Genoino levantam o braço e cerram o punho, declarando-se “presos políticos”, não estão denunciando apenas o que consideram um “julgamento de exceção”, mas colocando-se diante de todos os outros presos como “exceção”. É como dizer: “Eu estou aqui, mas sou melhor do que vocês”.
O espetáculo promovido por Joaquim Barbosa para o que chegou a ser interpretado, com um tanto de exagero, como uma “refundação da República” revelou mais do que estava programado. Mostrou esse lapso, esse corte no tempo, em que o braço erguido, o punho cerrado, se alienou das ruas. Quando as manifestações de junho começaram, a classe média conheceu a truculência da polícia sem perceber que estava diante de seu espelho. Nas quebradas de São Paulo, o poeta Sérgio Vaz ironizou: “Aqui na periferia as balas continuam sendo de chumbo. Estamos reivindicando um upgrade para balas de borracha”. E logo as balas de chumbo acertaram dez (nove moradores e um policial), no complexo de favelas da Maré, no Rio, na sequência de um protesto. E então, em 14 de julho, ao desaparecer, Amarildo de Souza apareceu diante do Brasil.
Para a juventude que protestou, os presos políticos passaram a ser os manifestantes levados para a cadeia pela polícia 
Para a juventude que protestou – e em vários momentos expulsou das ruas os militantes de partidos, incluindo os do PT –, os presos políticos passaram a ser os manifestantes levados para a cadeia pela polícia do Estado democrático. Nesta apropriação simbólica – que se inicia antes, mas se consolida a partir dos protestos –, ao mesmo tempo retoma-se o conceito de preso político da geração de Genoino e Dirceu, forjado nos atos contra a ditadura, mas com um sentido próprio, na medida em que a democracia traz uma nova complexidade para as questões que envolvem o termo. No mesmo movimento, assume-se o nome e o rosto das vítimas anônimas e despolitizadas da violência racial e de classe e se dá a elas um conteúdo político. Como aconteceu com Amarildo – mas não só. Vale a pena lembrar que o estopim dos protestos foram 20 centavos – que muitos, em especial a classe média, acharam pouco para tamanha comoção, mas que se tratava da dor de milhões de invisíveis cuja vida é mastigada dia após dia em horas perdidas dentro de ônibus superlotados. Era uma escolha pelo homem comum – incorporando-o em cada um.
É importante perceber ainda que, para uma parte significativa dos manifestantes, os presos políticos são aqueles que a maioria dos partidos, assim como grande parte da imprensa, chamam de “vândalos”. Se os Black Blocs têm vários motivos para cobrir a face, há neste ato também uma escolha pelo anonimato, um fundir-se na multidão. Apoiando ou não suas ações, é preciso reconhecer que escolher se mostrar “sem rosto” é um gesto político de grande significado.
A cara desses movimentos sem líderes anunciados e com causas múltiplas é a da multidão. Mas, a cada momento, a multidão pode assumir a face de um anônimo, para lhe dar coletivamente um nome e uma história. Na hashtag do Twitter, #SomosTodosAmarildo. Ou somos todos aquele que é torturado, violado, morto. #SomosTodosUm. Esta é uma mudança profunda que os homens que levantaram o braço e cerraram o punho parecem não ter compreendido. Se ela parte dos protestos nas ruas, também os transcende para ocupar outros redutos. Enquanto a pequena saga de Genoino se desenrolava, na semana passada, Caetano Veloso e Marisa Monte cantavam no Circo Voador, no Rio, para levantar fundos para a família de Amarildo. A certa altura, a cantora pediu à plateia que vestissem a máscara de Amarildo que haviam recebido na entrada: “Vamos deixar registrado para a posteridade esse momento onde a gente incorpora o Amarildo e graças a isso consegue transformar tantas coisas. É assim que a gente consegue mudar esse país”. A máscara é a possibilidade de ser um e, ao mesmo tempo, todos os outros.
A mudança é um momento agudo de um processo histórico no qual Lula e o PT tiveram, mais do que qualquer outro político e partido, uma contribuição decisiva, no concreto e no simbólico de sua ascensão ao poder. Apartaram-se, porém, e parecem estar bem menos preocupados do que deveriam com seu divórcio com as ruas. O braço erguido, o punho cerrado, é um capítulo melancólico de um partido que parou de escutar. Em parte porque acredita conseguir manter o voto dos homens e mulheres comuns que recebem o Bolsa Família e ainda se contentam com o que, se por um lado é enorme, ao reduzir a miséria e a fome, também é pouco para a potência contida numa vida humana.
A tragédia dos dois Josés do PT não é apenas terem sido presos por corrupção, mas a impossibilidade de dizer #SomosTodosOsPresos.
Eliane Brum - El Paíz



MANOBRA PTRALHA PARA SALVAR GENOÍNO NÃO VAI DAR CERTO

jose_genoino_16Ação mafiosa – Em mais uma manobra covarde para salvar um governo de corruptos profissionais, o PT conseguiu adiar para a próxima terça-feira (2) a reunião dos dirigentes da Câmara dos Deputados que decidirá sobre a abertura de processo de cassação do mandato do mensaleiro condenado José Genoino.
O encontro estava marcado para as 9 horas da quinta-feira (28), mas o timoneiro do PT na Casa e irmão de Genoino, o deputado federal José Guimarães (CE), pressionou e os líderes partidários permitiram que não fosse cumprido o prazo regimental para a abertura do processo nesta semana.
É importante salientar que o caso de José Genoino não é de cassação de mandato, mas de perda de mandato por determinação do Supremo Tribunal Federal, que condenou à prisão o ex-presidente nacional na esteira do julgamento da Ação Penal 470. O PT protagoniza e lidera o maior escândalo de corrupção da história nacional, mas diante da condenação dos companheiros tenta desafiar a Justiça e atropela sem preocupação o regimento da Câmara, como se nada pudesse deter os integrantes da legenda.
A manobra comandada por José Guimarães, o mentor do escândalo dos dólares na cueca, foi tão acintosa, que a Secretaria-Geral da Câmara informou que três integrantes da Mesa Diretora estão com problemas de saúde e não poderiam comparecer à reunião marcada inicialmente para quinta-feira.
A estratégia do PT, que precisa ficar clara para a sociedade brasileira, é adiar ao máximo a abertura de processo de cassação do mandato de Genoino, na esperança de que a Câmara defira o pedido de aposentadoria por invalidez apresentado pelo petista. A concessão da aposentadoria seria suficiente para impedir a abertura do processo de cassação.
A estratégia tem como base o laudo médico sobre a saúde de José Genoino e que será apresentado ainda nesta quarta-feira. Informações que vazaram na Câmara dão conta que o laudo trará informação favorável à aposentadoria, mas os médicos que avaliaram o parlamentar, na última segunda-feira (25), sem autorização da Justiça, devem pedir prazo até janeiro para um parecer final.
O Brasil e os brasileiros de bem estão sendo achincalhados pelos integrantes de um partido que na última década mostrou sua inconteste vocação para o banditismo político. Essa situação não pode prosperar, sob pena de o País mergulhar em um perigoso e irreversível regime de exceção.
Depois do abusado José Dirceu, que se autorizado pelo Judiciário receberá R$ 20 mil mensais para gerenciar um hotel de Brasília, só falta a Câmara dos Deputados premiar Genoino com uma aposentadoria de R$ 26 mil. Se isso acontecer, ficará claro para a população que o melhor caminho a seguir é o da corrupção e do desmando.

ÁGUA NO CHOPP

jose_genoino_18Deu errado – A manobra comandada pelo deputado federal José Nobre Guimarães, líder do PT na Câmara, para tentar salvar o irmão mensaleiro de um processo de perda de mandato não deu certo. A estratégia era prorrogar a decisão até que a Casa decidisse sobre o pedido de aposentadoria por invalidez apresentado por José Genoino, mas a junta médica que o examinou na última segunda-feira (25) frustrou as expectativas do partido do Mensalão.
A junta médica da Câmara divulgou, nesta quarta-feira (27), laudo em que destaca que o deputado petista, que está licenciado, não possui doença que justifique aposentadoria por invalidez. Com a decisão dos médicos, Genoino, que foi condenado pelo STF a 6 anos e 11 meses de prisão, tem grandes chances de enfrentar processo de cassação do mandato.
“O periciado [Genoino] não apresenta no momento entidade cardiopata grave que resulte em incapacidade laboral definitiva”, afirmou o cardiologista Gerson Costa Rodrigues Filho, chefe da perícia.
Rodrigues Filho afirmou que a junta médica concederá 90 dias de licença a José Genoino para que o parlamentar consiga se recuperar totalmente da doença cardíaca. Após esse período, o petista será submetido a nova perícia para checar sua aptidão ao trabalhar.
“Nós recomendamos o afastamento temporário da atividade laboral por 90 dias para melhor adequação do período terapêutico. Após isso haverá nova perícia para que seja avaliada a capacidade laborar”, destacou o cardiologista.
De acordo com o médico, o laudo “é conclusivo no sentido de que não existe no momento uma invalidez definitiva.” O médico da Câmara disse também que Genoino apresenta piora no controle da pressão arterial, em relação à última perícia médica, mas que o quadro não é grave o suficiente para justificar uma aposentadoria por invalidez.
“Houve uma piora em relação ao primeiro momento devido a um quadro de stress psicológico”, observou. “Por conta do stress que o trabalho ocasione, ele [Genoino] aumentaria o descontrole da pressão arterial, por isso, temporariamente, não se recomenda a atividade no trabalho”, disse o cardiologista, frisando que o afastamento é temporário.
Na terça-feira (26), os médicos que avaliaram a saúde de José Genoino a pedido do ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal e relator do processo do Mensalão do PT, informaram que o petista não apresenta cardiopatia que exija o cumprimento da pena em prisão domiciliar. Isso mostra que a farsa montada pelo PT para salvar os envolvidos no maior escândalo de corrupção da história nacional está ruindo com castelo de areia em dia de vendaval.

Fonte; Ucho. Info


segunda-feira, 25 de novembro de 2013

O BRASIL NA BANGUELA

CARLOS ALBERTO DI FRANCO - O Estado de S.Paulo
Armação da imprensa. Distorção da mídia. Patrulhamento de jornalista. Quantas vezes, caro leitor, você registrou essa reação nas páginas dos jornais? Inúmeras, estou certo. Elas estão contidas, frequentemente, em declarações de homens públicos apanhados com a boca na botija, no constrangimento de políticos obsessivamente preocupados com a própria imagem e no destempero de lideranças que pescam nas águas turvas do radicalismo. Todos, independentemente de seu colorido ideológico, procuram um bode expiatório para justificar seus deslizes e malfeitos. A culpa é da imprensa! É preciso partir para o controle social da mídia, eufemismo esgrimido pelos que, no fundo, defendem a censura às empresas de conteúdo independentes.
Sou otimista. Acho que o Brasil é maior que seus problemas. Mas não sou cego. O Brasil está na banguela. Corrupção crescente, educação detonada e gestão pública incompetente, não obstante as lantejoulas do marketing político, começam a apresentar sua inescapável fatura. E a sociedade está acordando. As ruas, em junho deste ano, deram os primeiros recados. A violência black bloc, um desvio condenável e inaceitável dos protestos, precisa ser lida num contexto mais profundo. Há um cansaço do Estado ineficiente, corrupto e cínico. E a coisa não se resolve com discursos na TV, mas com mudanças efetivas.
Corrupção endêmica e percepção social da impunidade compõem o ambiente propício para a instalação de um quadro de desencanto cívico. Alguns, equivocadamente, vislumbram uma relação de causa e efeito entre corrupção e democracia. Outros, perigosamente desmemoriados, têm saudade de um passado autoritário de triste memória. Ambos, reféns do desalento, sinalizam um risco que não deve ser subestimado: a utopia autoritária.
O Brasil tem instituições razoavelmente sólidas, embora parcela significativa da sociedade já comece a questionar a validade de um dos pilares da democracia: o Congresso Nacional. O descrédito generalizado, sobretudo dos parlamentares, captado em inúmeras pesquisas de opinião, é preocupante.
O fisiologismo político é responsável por alianças que são monumentos erguidos à incoerência e ao cinismo. Quando vemos Lula, Dilma, Sarney, Collor e Maluf, só para citar exemplos mais vistosos, no mesmo barco, paira no ar a pergunta óbvia: o que une firmemente aqueles que estiveram em campos tão opostos? Interesse. Só interesse. Os fisiologistas têm carta-branca para gozar as benesses do poder. Os ideológicos, lenientes e tolerantes com o apetite dos fisiológicos, recebem deles o passaporte parlamentar para avançar no seu projeto autoritário.
A arquitetura democrática de fachada recebe a certidão do "habite-se" na força cega dos currais eleitorais. Para um projeto autoritário o que menos interessa é gente educada, gente que pense. Educação de qualidade, nem falemos. O sistema educacional brasileiro é um desastre. Multiplicam-se universidades, mas não se formam cidadãos: homens e mulheres livres, bem formados, capazes de desenvolver seu próprio pensamento, conscientes de seus direitos e de seus deveres. Há, sim, um apagão do espírito crítico. Desaba o Brasil no declive de uma unanimidade que, como dizia Nelson Rodrigues, é sempre perigosamente burra. Nós, jornalistas, precisamos trazer os candidatos para o terreno das verdadeiras discussões. É preciso saber o que farão, não com chavões ou com o brilho do marketing político, mas com propostas concretas em três campos: educação, infraestrutura e ética.
A competitividade global reclama crescentemente gente bem formada. Quando comparamos a revolução educacional sul-coreana com a desqualificação da nossa educação, dá vontade de chorar. Como lembrou recente editorial do jornal O Estado de S. Paulo, se "ainda faltasse alguma prova da crise educacional brasileira, o novo relatório da Confederação Nacional da Indústria (CNI) sobre a escassez de pessoal para a construção seria mais que suficiente". A assustadora falta de mão de obra com formação mínima é um gritante atestado do descalabro da educação brasileira.
Governos, independentemente de seu colorido partidário, sempre exibem números chamativos. E daí? Educação não é prédio. Muito menos galpão. É muito mais. É projeto pedagógico. É exigência. É liberdade. É humanismo. É aposta na formação do cidadão integral. O Brasil pode morrer na praia. Só a educação de qualidade será capaz de preparar o Brasil para o grande salto. Deixarmos de ser um país fundamentalmente exportador de commodities para entrar, efetivamente, no campo da produção de bens industrializados.
Para isso, no entanto, é preciso menos discurso sobre o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e mais investimento real em infraestrutura. É preciso fazer reportagem. Ir ver o que existe e o que não existe. O que foi feito e o que é só publicidade. Ver e contar. É o nosso papel. É a nossa missão. Nós, jornalistas, sucumbimos com frequência ao declaratório. Registramos, com destaque, a euforia presidencial com o futuro do pré-sal. Mas como andam os projetos reais que separam a propaganda da realidade? É por aí que devemos ir.
Tudo isso, no entanto, reclama o corolário da ética. Rouba-se muito. Muito dinheiro público desaparece no ralo da impunidade. Queixa-se a sociedade da impunidade radical. Seis anos após aceitar a denúncia do mensalão, o Supremo Tribunal Federal determinou a prisão dos principais condenados no esquema de corrupção do governo Lula. Trata-se de uma decisão histórica e de um claro divisor de águas.
Educação, infraestrutura e ética podem mudar o destino do Brasil.
DOUTOR EM COMUNICAÇÃO PELA UNIVERSIDADE DE NAVARRA, É DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO DO INSTITUTO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS SOCIAIS

domingo, 24 de novembro de 2013

ENTRE MENSALÕES E AMARILDOS

Maria Celina D'Araujo - O Estado de S.Paulo
Quando em meados de 2005 estourou o escândalo do mensalão, a primeira reação de muitos intelectuais, jornalistas, governistas e apresentadores como Jô Soares, entre outros, foi: Lula, um homem honrado, não sabia de nada, não estava envolvido com esses episódios. Dei uma entrevista então ao Estado de S. Paulo alegando quão difícil seria um presidente que estivera tão envolvido e dedicado a seu partido e às negociações para sua campanha em 2002 não estar a par dos acordos que o elegeram. Recorria a vários exemplos na história do País para mostrar de que forma os presidentes são informados do que se passa a seu redor, bem como sua capacidade de delegar poderes. Lula, uma vez eleito, transformou José Dirceu, o mentor de sua campanha, no homem forte que controlaria o governo e o PT. 
Na mira. Estratégia do PT agora é evidenciar que tudo visou a desmoralizar o governo - Dida Sampaio/Estadão
Dida Sampaio/Estadão
Na mira. Estratégia do PT agora é evidenciar que tudo visou a desmoralizar o governo
No calor da denúncia veio a fase do vale de lágrimas. Lula, seguidores e amigos choraram em público admitindo que houvera um erro de comportamento de companheiros leais, porém pouco atentos às leis eleitorais. Como muitos pecadores, eles deviam ser perdoados, não sabiam o que faziam ou foram alvo de armações capciosas.
A fase seguinte foi pró-ativa: negação e resistência. Os crimes teriam sido uma invenção da mídia e da oposição. Advogados criminalistas famosos foram contratados, recursos e provas apresentados a favor dos réus, e o presidente sempre foi poupado, ao contrário do que aconteceu com Getúlio Vargas em 1954.
A estratégia agora era evidenciar que tudo não passava de uma campanha para desmoralizar o governo do PT e seus sucessos efetivos no combate à pobreza. A lentidão do Judiciário deu tempo para se construir argumentos e alimentar versões de todos os tipos. Permitiu que outros casos de desvio de dinheiro em campanhas viessem a público. O caixa dois foi anunciado como prática normal.
Iniciada a fase do julgamento judicial, o Supremo inovou ao recorrer ao princípio do domínio do fato e alimentou as críticas dos que se sentiam perseguidos. Para esses, os juízes não sabiam o que faziam, mas não deviam ser perdoados. Depois de oito anos chegamos ao fim do julgamento, mas não ao fim dessa história. Muitos ainda prometem falar o que sabem e o que pensam para comprovar como a justiça dos homens é falha ou vingativa. De metáforas em metáforas o Brasil, a meu ver, não tem muito a comemorar.
A oposição não festejou o resultado do julgamento e se o fez, foi de maneira discreta. É deselegante e desumano tripudiar sobre um perdedor, comemorar encarceramento de colegas na vida pública. Os pronunciamentos são comedidos. No entanto, os políticos que sabem o que fazem estão com as barbas de molho. Esta história ainda não acabou e outros processos virão, envolvendo diferentes partidos em várias campanhas. Prudência e canja não fazem mal a ninguém.
Por parte das autoridades constituídas, o tom tem sido o de não legitimar as ações do Judiciário. Parece haver um trunfo na manga dos julgados e de seus amigos que acabará mostrando a farsa. Um julgamento que acaba assim, tão desacreditado pelo poder constituído, seja qual for a razão, é preocupante. Fortalece, entre nós, a crônica falta de confiança na Justiça, associa julgamento a vendeta, trata o custo de transgressão como punição indevida e fortalece a cultura da impunidade.
No caldo das mazelas que cercam nosso respeito às leis, vive-se o triste episódio do desaparecimento do operário Amarildo, assassinado por policiais da UPP da Rocinha no Rio de Janeiro. O que Amarildo tem em comum com caixa dois? Tem muito. Se entre certas elites caixa dois não deve ser crime, tortura policial para pobres e para bandidos pobres também pode ser legítima. Ao contrário de algumas personalidades da República, eles, os pobres, são pessoas comuns. E, se cometerem crimes, deixam de ser pessoas. A eles tudo pode acontecer, inclusive perder a vida sem que o cadáver apareça.
Comemoro o espírito democrático que vivemos no País desde a Constituição de 1988, a Constituição cidadã. Louvo, em crises políticas como a do impeachment de Collor e a do mensalão, a vinda das soluções de forma constitucional. Seria importante, contudo, que esses e outros julgamentos fortalecessem a crença na Justiça. A maior parte dos brasileiros sabe que os réus pagaram advogados caros, custo com que a maioria dos brasileiros não pode arcar. Foi um julgamento de ricos num país em que, segundo a professora Julieta Lemgruber, centenas de pessoas ficam presas em delegacias em condições sub-humanas para depois se descobrir que os delitos que cometeram não seriam passíveis de penas que os levassem à prisão.
O julgamento do mensalão, justo ou não, comprovou que no Brasil a Justiça existe especialmente para ricos e poderosos. De outra parte, teve um saldo positivo: esses políticos acusados de crimes contra o patrimônio ou as leis nacionais tiveram a oportunidade de se defender. Não foram cassados nem obrigados a morrer no exílio como João Goulart. Algumas autoridades estão questionando o procedimento da Justiça num caso em que houve ampla e cara defesa. Questionarão também publicamente o tratamento dado aos Amarildos?
 
*Maria Celina D'Araujo é professora de Ciência Política da PUC-Rio

sábado, 23 de novembro de 2013

CRITICAS DO DANILO GENTILI AO PT, assino em baixo

POSTADO EM 18 DE NOVEMBRO DE 2013 - no FATOS POLÍTICOS  

O humorista Danilo Gentili publicou, na timeline de sua página no Facebook, severas críticas ao PT, gerando grande repercussão
Crítica de Gentili:
1) Quando ficou comprovado todo esquema de corrupção, o PT, diferente de outros partidos, não expulsou Genoíno, Zé Dirceu, Paulo Cunha, Delúbio e cia. Ao contrário. Abraçou-os ainda mais. Se esses caras são criminosos condenados pela Justiça e ainda são membros do PT, significa que o PT concorda com os crimes desses caras, admite criminosos entre seus membros e portanto é uma instituição criminosa. A juventude do PT fez um jantar para arrecadar fundos para os mensaleiros. Eles amam ou não esse caras que cometeram crimes contra você? Após a prisão, o próprio Lula ligou pros caras e disse: “Estamos Juntos”. Ele é ou não um comparsa? Você vai engolir isso?
2) O sentimento de vergonha alheia ao ver Dirceu com sorriso amarelo e Genoino quase se cagando tentando manter a dignidade (coisa que não conseguiu) ao fazer aquele gestinho comunista patético, foi diametralmente substituído por enorme regozijo ao constatar que todo mundo cagou para a tentativa de imprimirem alguma pose heróica ao serem presos. Os caras fizeram o gesto “sagrado” entre assassinos e genocidas do nacional e do internacional socialismo. E esse gesto “sagrado” está, até agora, sendo amplamente profanado e ridicularizado pela internet, ultrapassando em milhas e milhas qualquer mensagem de apoio aos mesmos. Isso deixa claro que num ambiente realmente livre esses caras não são respeitados, suas ideologias são abominadas e a rejeição ao que eles planejam é gigantesca. Na internet, um ambiente que respira liberdade, fica nítido que esses caras são ridículos e não merecem respeito. Por isso, eles estão desesperados para criar o tal Marco Civil da Internet e acabar com esse ambiente 100% livre. Eles precisam urgentemente controlar o que você faz, lê e fala por aqui para evitar esse tipo de coisa futuramente. Você vai engolir isso?
3) Petistas, blogueiros e twitteiros (alguns pagos inclusive com o seu dinheiro) continuam chamando Joaquim Barbosa de Macaco e Capitão do Mato pela internet. Uma rápida pesquisa e você encontrará até montagens gráficas colocando o Juiz nessas imagens. Nenhum militante de minorias ou patrulheiro do politicamente correto parece se importar com isso no momento. Justo eles que são tão atentos as minhas piadas, por exemplo. Preciso de mais provas que esse discurso de minorias é monopólio dos esquerdistas que por sua vez escolhem a dedo o que é racismo e o que não é para tentar calar ou rebaixar alguém que os incomoda? O que é racismo? Homofobia? Machismo? Se for de um esquerdista é um detalhe a ser ignorado. Se for de um opositor é um crime. Se você for do lado deles pode ser racista, criminoso e até mesmo matar (aliás, eles imprimem fotos de genocidas e usam na camiseta. Adoram isso). Pesquise na internet e comprove que o mesmo tipo de gente, os mesmos perfils fakes e reais no twitter e facebook e os mesmos blogueiros pagos por banners estatais que enchem o saco de comediante ou jornalista opositor dizendo que estão numa cruzada contra o racismo são os mesmos que no momento defendem os corruptos e estão, não com piadas, mas de forma séria e agressiva, chamando um honrado homem que cumpriu seu dever de macaco. Você vai engolir isso?
4) A tentativa de tentar passar por nossa goela que Dirceu e Genoino são “presos políticos” consegue ser mais patética ainda do que aquele gestinho de punho cerrado que ambos fizeram quase se cagando nas calças e convulsionando em chiliquinhos risíveis. Como pode dois caras do partido de situação, do alto escalão do atual governo, da alta cúpula do PT, serem presos por perseguição política dentro do País que o seu governo comanda há 11 anos? Aliás, onze pessoas do esquema de corrupção foram presas. Mas somente os dois mais “famosinhos” e do alto escalão do PT são presos “políticos”. Você vai engolir isso?
5) Por serem do partido dominante e da alta cúpula do governo não resta dúvidas que esses caras serão soltos logo. Ou cumprirão a pena com inúmeras regalias que você jamais terá direito caso um dia vá preso. E olhando para a Venezuela, aliada de longa data do PT na América Latina, ser preso em breve pode significar apenas “Não concordar com o governo”. Separe então esse momento que você viu alguns sociopatas serem presos, não para celebrar o fim da impunidade, pois ela está longe de acontecer. Separe esse momento para identificar os que estão contra você. Se informe sobre todos artistas, intelectuais, jornalistas, revistas, blogueiros, militantes e políticos que estão nesse exato momento defendendo esses criminosos e mandando mensagem de apoio pra eles – guarde esses nomes. Não confie neles. Todos aqueles que estão a favor de Genoino, Dirceu e mensaleiros são exatamente os mesmos que estão contra você. Não engula isso.

Fonte: Lígia Ferreira em seu site Folha Política

CUBANADAS NA SAÚDE DO BRASIL

POST #01 

DOSAGENS DE ANTIBIÓTICOS SUSPEITAS 

RECEITA DE AZITROMICINA

MÉDICO MAIS MÉDICOS PASSA 24 COMPRIMIDOS DE AZITROMICINA!!!
BULA - Azitromicina - Posologia
A posologia de acordo com a infecção está descrita abaixo: 

Uso em Adultos 

Para o tratamento de doenças sexualmente transmissíveis causadas por Chlamydia trachomatis, Haemophilus ducreyi ou Neisseria gonorrhoeae suscetível, a Azitromicina deve ser administrada em dose oral única de 1000 mg. Para todas as outras indicações uma dose total de 1500 mg deve ser administrada em dose única diária de 500 mg durante 3 dias. Como alternativa a mesma dose total pode ser administrada durante 5 dias, em doses únicas diárias de 500 mg no primeiro dia e 250 mg do segundo ao quinto dia. 

RECEITA DE AMOXACILINA PARA CRIANÇA


Outro Flagrante do "MAIS Médicos"! AMOXACILINA 1 X AO DIA para criança!?
BULA - Amoxicilina - Posologia
Crianças
− até 3 anos: 125 mg/5 mL - 5 mL de 8 em 8 horas.
− 3 a 12 anos: 250 mg/5 mL - 5 mL de 8 em 8 horas.
AGITE A SUSPENSÃO ANTES DE USAR. 
A posologia deve ser aumentada, a critério médico, nos casos de infecções graves. Para crianças pesando 40 kg ou mais, deve ser administrada a posologia de adulto. A absorção de Amoxicilina não é afetada pela alimentação; portanto, a Amoxicilina pode ser administrada às refeições.

POST #02

CUBANA DÁ REMÉDIO DE CAVALO PARA IDOSO COM OSTEOARTROSE.

São tantos relatos de erros grosseiros e potencialmente fatais que vamos semanalmente postar o quadro "monstruosidades da semana" com as receitas mais bizarras oriundas do Mais Médicos. Especial atenção ao item "3".
1) Overdose de cefalosporina ou uso "homeopático" de alopatia?  Cefalexina prescrita de 8/8h quando o certo seria de 6/6h, Dipirona sendo dado em dose de criança de 2kg (2 gotas) mas ai a dose da Cefalexina deveria ser de 0.6 ml de 6/6h e não 3.3 ml (dose 500% maior). Mas se é de fato criança de 2kg como se justifica a prescrição de muito suco de laranja e limão? Polivitamínico? Nebulizar com 9ml de soro (para que? para a nebulização virar uma sessão de tortura de quase 1 hora?) com UMA gota de berotec, que é nada pra adulto e diluído em 9ml de soro se torna nada pra uma criança, quase que uma dose homeopática. Se essa prescrição foi para adulto, é homeopatia. Se foi para criança, é overdose de antibiótico e de sucos cítricos. De qualquer maneira, é mais uma padilhada do Mais Médicos. o CRM da receita foi por força de decisão judicial, antes da aprovação da lei.



2) Tratamento de "Larva Migrans Cutânea" na Amazônia com antibiótico oral, tópico e intramuscular, todos em larga dose. A intercambista decerto quis cobrir "todas as hipóteses", pena que esqueceu do anti-parasitário. Decerto a gênia pensou estar tratando uma "dermatite". Isso na Amazônia. pelo visto andou matando o curso de "3 semanas" de doenças infecciosas do Padilha. Mais uma padilhada do Mais Médicos. Em breve iremos começar a ver malária sendo tratada como virose na Amazônia...
3) Revolucionário tratamento de osteoartrose "à moda cubana": Dipirona 500 mg 01 cp de 8/8h (avançado esquema analgésico) associado a complexo B (ah, agora sim, sinergismo puro) e, cereja do bolo, Metocarbamol (Robaxin). Robaxin é um relaxante muscular que, no Brasil, é usado apenas para equinos e caninos, ou seja, uso veterinário. O Mais Médicos trata o povo como cavalo e, condizente com essa situação, prescreve relaxante muscular de cavalo para o eleitor da Dilma. Mesmo se fosse para humanos, não existe indicação de relaxante muscular em osteoartrose na ausência de outras afecções.**

 Acima, a prescrição do remédio de cavalo. Abaixo a caixa. Se o pobre coitado tivesse como comprar, claro, já que o preço pode chegar a mais de 200 reais a caixa, iria receber um remédio com um cavalo na capa, homenagem do Padilha aos pobres brasileiros. Tratamento e"cavalar" típico de medicina de pobre para pobre. Pobre de nós, isso sim.
Remédio Cubano para tratamento de osteoartrose no Mais Médicos. Hay que endurecer!!
** Em alguns países existe autorização para uso em humanos.m dose 

POST # 03 

"LEVO"DOPA VIROU "LEVO"TIROXINA

Paciente parkinsoniano em uso de prolopa (levodopa + benserazida) prescrito em consultório de médico brasileiro na Bahia, teve a receita "renovada" por médica cubana, que escreveu "LEVOTIROXINA SÓDICA + benserazida" e sem a respectiva dosagem. A cidade é Buritirama, onde as duas médicas cubanas foram recebidas com euforia : http://jornalgazetadooeste.com.br/noticias/calorosa-recepcao-as-medicas-cubanas-em-buritirama/

Ou seja, se levado a cabo a prescrição, o paciente com Parkinson iria agora tomar hormônio da tireóide, como se fosse hipotireoideo.

Parabéns Padilha por mais essa CAGADA do Maus Médicos, que em breve vão começar a transformar a atenção básica em profissão de risco (para o usuário).

Por fim, "Levo"dopa e "Levo"tiroxina é tudo igual né? E vamos "Leva"ndo tudo nas coxas, com o paciente "Leva"ndo no cubano o tempo todo... E ai Jorge Solla?? Tudo bem ai na Bahia?



POST #04 
AVISEM QUE EXISTE VIA ORAL

POST #05 
CUBANO PASSA BANANA COM CASCA


POST #06
O "ALQUIMISTA"


POST# 07

CUBANO ENCAMINHA PARA "CONSULTA COM CLÍNICO"

POST 08#


"Fui abordado PELA PACIENTE quando desesperada saiu do consultório do 'mau medico' munida de sua prescrição. A prescrição entre outras continha as 90 U de Regular pela manhã, (CLICK) então sem a desculpa esfarrapada usada na Bahia, que certamente teria as consequências mais nefastas caso ela houvesse feito e fosse ignorante o suficiente para seguir. Felizmente não era, felizmente tinha comigo um bom Rapport e me solicitando fui felizmente obrigado a corrigir. 

Como outros erros e situações atípicas continuaram a se repetir embora em situações algo menos agudamente graves, mas potencialmente igualmente a longo prazo, e como por força das circunstâncias eu fui obrigado a 'informar', claro por escrito e guardando cópias à secretária, o 'mau médico' acabou sendo afastado. Seria submetido a mais um longo período de duas semanas de capacitação. Desnecessário dizer o quanto detesto e acho ridícula esta palavra que descreve na melhor das hipóteses políticas medíocres e hipócritas que nunca se sabe ao certo quanto são oriundas da mais perversa vontade de se fingir que faz ou de expor ao mundo a sua mais completa ignorância. 

De qualquer forma após tal período ele seria avaliado e poderia ser reprovado ou poderia ser re-integrado ao sistema. Isto é, em meu entender, receber 'licença para matar'

Ouvi dizer que estará de volta em breve. 
De resto as imagens eu creio falam por si mesmas. 

Note-se que o autor é o 'mau médico' esta lá o registro PMM antes do CRM, mas há ai mais uma ironia. O PMM CRM PR não é dele, para complicar tudo. É de outra 'mau médica'. Sim confira quem desejar. Isto também foi comunicado. Havia incompatibilidade entre o nome do autor da prescrição, um Mexicano, não Cubano, note-se o PMM CRM PR. Não sei as razões disto, mas parece que ele tinha já um registro junto ao CRM PR de PMM. Aliás 'cirurgião', parece que todos os PMM são cirurgiões. Temamos."

XXXXXXXX
Médico

Um comentário:

tumpopolis disse...
Com esta esculhambose no uso de ATBs, é de se temer o aumento da resistência bacteriana e surgimento ainda maior de cepas multiresistentes. Se eu fosse alguém com trânsito, denunciaria a OMS, JÁ!